segunda-feira, 18 de julho de 2011

SENHOR, EU VENHO COMO ESTOU!

Lembro me do meu pastor, pai da fé, que me batizou, um homem de Deus e ele gostava muito de cantar um hino que dizia: “Eu venho como estou, eu venho como estou, porque Jesus por mim morreu, eu venho como estou”. Confesso me naquela época, aos 22 anos pensava como sempre pensei que alguém para que Cristo aceitasse em suas fileiras deveria  ser alguém exemplar, dotado de boas maneiras, ilibado, e um converso padrão dos fiéis.

Depois de muitos anos, já aos 50  de  idade e com uma boa bagagem pastoral fui procurado por um pastor que passava por um momento muito difícil em sua vida, havia deixado o ministério, família, mas agora estava na eminência de retomada, debaixo de um grande quebrantamento. Naquele dia ouvindo-o, veio me um texto até um tanto paradoxal, mas, que por mais contraditório que possa ser aos olhos humanos, Deus o entregou a Salomão e ele deixou assim escrito em Provérbios 24.16 “ Porque o justo cai sete vezes e se levanta, mas os ímpios são abatidos pela calamidade.”

Não imagine um outro resultado a não ser o levantar daquele homem, mas quero me ater a algo que era sempre o martelar das minhas conjeturas,  porque Deus sendo tão perfeito trabalha com pessoas imperfeitas? Aquele homem experimentara um fracasso duplo, e agora Deus vai restaurá-lo. Daquela situação aprendi  aos 25 anos de pastorado que a situação daquele homem aprendí lições tremendas sobre sobre a queda, fracasso ministerial e familiar, e estas lições podem ser aplicadas em várias áreas da vida para qualquer pessoa.
                                       
Primeira falha detectada foi  um relacionamento com Deus não esmerado. Aqui sempre é o primeiro degrau da descida em direção à queda. Deus é um se relacional, então Seu maior intento é justamente isto com cada um que lhe serve:relacionamento. E um grande numero hoje de cristãos falham porque se relacionam inadequadamente com Deus. Talvez ocupem se tanto com o que se propõe a fazer para Deus, caem num ativismo tão grande que se distanciam de pilares que sustentam a fé e a vida espiritual: oração, devocional e conhecer a vontade de Deus através da leitura compenetrada das Sagradas Escrituras.  Surge a inversão de valores,  porque a falta de tempo torna se real, então começa-se a priorizar o urgente e o essencial é relegado ao segundo plano.

Ora, se está escrito que devemos buscar primeiro o Reino de Deus e sua justiça então esta é a prioridade, mas quando tornar-se agradável a todos os que nos buscam, atentar aos cuidados e riquezas terreais, usurpam o primeiro lugar das nossas vidas, estamos projetando a escada do fracasso. E o fracasso é resultado justamente de quando nos acostumamos a resolver e fazer coisas sem a dependência divina, e o que é pior, acabamos nos posicionando como o que pode fazer o que vier pela frente. Um exemplo clássico disto foi o caso do Rei Uzias em 2 Crônicas 26.6-15, e 16, ele derrubou muros fortíssimos, construiu cidades, ganhou batalhas contra os filisteus, contra os árabes e os meunitas, cobrou tributos dos amonitas, ficou famoso ao extremo, fez construções incríveis, tinha um numeroso exercito, implantou máquinas de guerra, por que Deus o ajudara maravilhosamente, mas, Uzias, resolveu fazer o que não devia. Cheio de poder, cheio da proteção divina, permite que seu coração se exalte e isto foi a sua queda, por que entrou no templo de Deus para queimar incenso no altar.

Deus quer um relacionamento com Ele dentro dos Seus padrões. A igreja vive um tempo chamada “Era da Noite” onde brilham os astros, estes se acostumaram tanto com o evangelho, com a religiosidade, que pensam saber tudo e brilham na tevê, em seus programas cheios de megalomanias, brilham nos púlpitos, tem um discurso decorado, viciado, brilham com o que já se tornou corriqueiro para eles. Alguém estava falando que ouviu em três ocasiões diferentes um grande pregador do momento e se decepcionou, por que em cada lugar e ocasião, o pregador trouxe o mesmo sermão. Brilhando em cada cidade, brilhando em cada local, mas abafando a Luz do Astro Maior, o Senhor Jesus Cristo. Vigiemos, Deus quer um relacionamento diário, intimo e constante com Ele. Tenho por todos estes anos de pastorado ouvido muitos que admite que falharam, fracassaram e que descobriram que a causa de toda esta decepção teve inicio porque não puseram em prática uma boa relação pessoal com Deus. Não fracassemos no relacionamento com Deus. 

Outro dia me perguntaram, mas e os homens da Bíblia não fracassaram nos seus intentos ou determinações de Deus? Lógico que sim,  vamos tomar por exemplo um profeta do velho testamento e um apóstolo do novo testamento. Jonas e Pedro. No caso de Jonas, seu chamado foi para pregar em Nínive, mas ele preferiu viajar na direção oposta. Veio o arrependimento e então foi cumprir o determinado por Deus , foi pregar e a cidade de Nínive inteira se arrependeu e se entregou ao Senhor. Pedro, impetuoso como só ele, negou a Jesus, mas depois, torna-se um grande líder da igreja primitiva.

Mas o que leva homens fracassados a se levantarem dos seus erros e se tornarem personagens marcantes na história? O que pode provocar esta reação? Um coração quebrantado, arrependido. Arrependimento é algo que mexe na alma, que provoca uma ebulição interna, então é lançado fora, geralmente debaixo de dor e lágrimas os atos praticados. Este arrependimento é quando a pessoa é tocada por Deus, ele não é gerado artificialmente ou por comoção. A Bíblia mostra em 1 Sm 15.24 e 30 que  Saul teve o seu pecado descoberto e então o admitiu. Arrependimento por que foi descoberto, bastante diferente da atitude de Davi quando confrontado pelo profeta Natã, ele disse e foi reconhecendo de imediato o seu pecado. “Pequei contra o Senhor”. Sua reação foi tão espontânea que Natã lhe dá uma sentença tremenda: “Também o Senhor perdoou o teu pecado, por isso, não morreras”. (2 Samuel 12.13).

Davi não fez rodeios, poderia ter dito que a culpa era de Bate-seba, mas não, fez um confissão debaixo de humildade, mostrando grande quebratamento, tanto que o Salmo 51 é a sua grande oração de arrependimento. A descrição é muito forte nos versículos 3-4 e 10.O segredo do reconhecimento do fracasso é a mudança de direção. Saul optou a caminhar na rota de colisão e o resultado foi além do fracasso, à derrota e ao suicido. 

Não basta sentir dores pelo pecado, essa dor tem guiar para o arrependimento. Imagine o desespero de Jonas no ventre da baleia, se ele pudesse deixar uma frase de efeito seria “É melhor estar gemendo no ventre da baleia que me devolverá ao comando de Deus, do que estar dormindo tranqüilo no navio da rebelião”.

Quando nos arrependemos de verdade, não esperamos até o próximo estágio para melhorar a  postura ou mudar o comportamento, quando nos arrependemos de verdade chegamos a presença de Deus como estamos e clamamos: Oh!Senhor, aceita este pecador, Senhor, hoje, eu venho como estou. Que esta seja também a oração daqueles que foram tocados por esta palavra. Amém.


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