Às vezes eu me pego na surpresa com alguns atrasos meus.Por mais atualizado que eu tente ser fica sempre algo para tras. Hoje pela manhã numa conversa telefônica com o líder de jovens da igreja percebi um certo abatimento e desânimo da parte dele. Algo errado estava acontecendo e no desenrolar da conversa ele desabafou:"é difícil pastor, a gente tenta fazer um trabalho sério, falar de santidade, de vida cristã e separada para Deus, mas quando infiltra no meio dos jovens um espírito estranho que libera os para baixarem música do restart no celular, no pc, é posto um bloqueio em suas mentes para serem ministrados pela Palavra".
Eu quase cai da cadeira que estava, não é possível, jovens da minha igreja atrás da banda restart, o que está acontecendo? Uma espécie de ira e revolta tomou conta de mim. É lógico que tenho quase 60 anos, já sou avô de quatro netos, passei 26 anos pregando só dentro da minha igreja, porque está acontecendo isto? Tive uma crise de choro, inconformado com a noticia recebida.
Procurei controlar me retirando para “um lugar secreto” e ficar em oração, não quis nem ir almoçar com os meus familiares.Passado o momento de maior tensão, comecei a ponderar sobre o assunto. Será pecado ouvir restart? Todos os ritmos são de Deus? O que tem por trás das vestes estranhas desta banda?
Fiquei pior depois destes questionamentos, porque Deus não póde me responder a estas questões. Não que Ele esteja ocupado demais com outras coisas e não pode se envolver com estas, mas isto não é da alçada de Deus, caso contrario estaria contrariando um principio que Ele mesmo criou: o livre arbítrio. Cada um faz como quer, e responde por suas ações.
Se não bastasse estas conjeturas, resolvi pesquisar na net o que poderia achar a respeito desta banda e aí eu me surpreendi, já tem até uma banda considerada a restart gospel. Yunik é o nome da banda. Quase fui a nocaute na luta travada com a curiosidade. Jovens de denominações diferentes resolveram montar uma banda no estilo da restart, com roupas ultra coloridas, cabelos amassados, desengonçados, exóticos, definindo se com um visual “emocore” , que também podem ser apenas “emo”.
Os emos são jovens que se identificam com músicas do estilo que falam de decepções amorosas e conflitos em famílias. Praticamente muitos jovens sofrem decepção amorosa e tem problemas familiares, e eles precisam como nunca do amor de Deus.
Então o que é que está errado na banda Yunick? Necessariamente não são as roupas coloridas ou a semelhança em estilo com as bandas Restart, Fresno ou NX-Zero, mas o tipo do “desdiscipulado” (sou obrigado a criar uma palavra para explicar) que pregam. Por exemplo o vocalista da banda Déh declara: “Queremos mostrar que você pode adorar sem perder o estilo, mostrar que além do visual colorido, tatuagens e piercings o jovem tem essência e foco espiritual”. Se entendi o que este jovem quis dizer significa que um dia olharemos para as pessoas nas ruas e não saberemos mais quem é quem, porque gerações futuras, mesmo criadas dentro de igrejas, não terão um padrão mais de diferencial. O que era da igreja ficou como o que era do mundo ou vice-versa.
Outro posicionamento polêmico e nocivo à boa performance da igreja gente, não igreja prédio. “Com o nosso estilo nós vamos abrindo portas e alcançando diversos públicos em vários lugares, sem ter o pensamento de que você é de um jeito e por isso não pode ir a tal igreja”.
Como homem temente à Deus eu me recuso a aceitar que o mundo dita as "modas" para a igreja de Jesus. Não aceito a idéia que ainda surgirão mais cópias tão medíocres ganhando destaque no meio evangélico, ai que vontade eu tenho de voltar ao ano de 1974, quando vinha a mocidade da igreja de Bom Jesus dos Perdões, e era uma voz só, e com roupa de gente, cantando “A Deus toda glória”. Eu era muito feliz e sabia que era. Porque? Por que só Deus era glorificado, era uma geração de adoradores, não de adorados.
Agora, lembrei de um dos sete princípios básicos da Bíblia, lembrei do principio da “semeadura”. Gálatas 6:7 “ Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso mesmo colherá”. Então estamos colhendo agora o que os homens, não a igreja, semearam. Semearam tanto uma liberdade gospel de 15 anos para cá que estamos desembocando numa colheita de espinhos, cardos e abrolhos sem precedentes. A abertura que se deu sob a “égide” de que todos os ritmos são de Deus, que era preciso criar métodos alternativos para atrair gente para a igreja, resultou neste tipo de colheita.
Será que este estilo acrescenta um côvado à estatura da igreja moderna, fruto da grande abertura das portas para qualquer gênero. Preste atenção, não sou músico, mas gosto muito de música. E não precisa ser expert na área é só prestar atenção no estilo, nem tanto por parecer um restart gospel, mas é a mesma vulgarização de sempre, sem mudanças, um gênero monotemático, e o pior fala muita coisa numa música que acaba não falando nada.
Na verdade, a falta de uma conscientização verdadeira sobre a Palavra de Deus, o interesse de terceiros por fazer um grupo deste decolar, a vi$ão intere$$ante de que musica gospel rende, vira, dá re$ultado, acaba gerando bandas deste tipo.
Carbono.Cópia.Clone.Cover, e tudo isto fala da falta de originalidade, e demonstra o destino que a música gospel está tomando.Na verdade dói, mas é preciso dizer, quando um grupo faz as coisas pelo Espírito o resultado é bem diferente.
Mas há um consolo, o que começa no Espírito termina no Espírito, o que começa na carne, termina na carne. Que Deus nos ajude nestes últimos dias da igreja na face da terra, porque, restart gospel é só o começo da colheita da semeadura errada.